(Publicado em 28/08/2007) Por João Duarte
Audição é um negócio engraçado...Não é a primeira vez que participo de um evento desses. A primeira foi a audição do Temple Of Shadows, depois a do Aurora Consurgens e a do Freakeys, mas confesso que em nenhuma dessas a empolgação para que o dia chegasse foi igual a essa do Hangar. Deve ser por estar sempre perto da banda e acompanhando desde muito tempo tudo que a banda passou. Domingão, dia 08-07-07. Chegamos ao local e a banda dava uma entrevista para uma rede de TV do Japão. Fomos convidados a sentar e a audição começou com a apresentação dos Hangares, um a um. De luz apagada rolou a primeira metade do CD com a banda toda acompanhando a reação das pessoas.
Ao ouvir esse cd pela primeira vez me lembrei de quando ouvi o And Justice For All do Metallica também pela primeira vez e como aquele CD até hoje eu escuto e percebo que ainda não assimilei todos os detalhes. Com esse CD do Hangar tenho absoluta certeza que será a mesma coisa: quando eu tornar a ouvi-lo daqui a alguns anos continuarei sendo surpreendido, tamanha a perfeição de cada compasso, nota, refrão, convenções, até as pausas são algo que falam mais do que um milhões de notas. Por se tratar de um CD conceitual o legal é viajar nas letras e nas músicas e no final tirar uma conclusão, já que nada é explícito nas letras então, "cada cabeça será uma sentença". Vou tentar comentar um pouco a respeito das músicas, mas o CD é muito complexo pra se avaliar numa só ouvida, mas vou tentar mesmo assim...
Existem músicas para todos os gostos: rápida, melódica, pesada e lenta, balada, cover... A intro Just The Beginning é o estopim perfeito para deixar a imaginação correndo solta, por conta das frases sussurradas sem sentido e um fundo meio caótico (com a participação do Arnaldo Antunes narrando frases em português). Ela cria o efeito perfeito pra cair na poderosa The Reason Of Your Conviction. Quem já pôde conferir essa música nos Works do Aquiles sabe do que estou falando. Perfeita música de abertura, rápida, melódica, pesada, realmente hipnotizante! E dá pra logo de cara perceber o quanto a voz do Nando se encaixou na banda, deixando o som mais atraente. A próxima Hastiness começa com uma intro de batera que fará muitos bateras voltarem à sala de estudo tentando recriar todos os padrões dessa introdução. Ela tem um Riff acompanhado pelo prato de condução perfeito pra cantarolar e assim como a The Reason, é melódica e pesada, com um refrão que será perfeito pro Nando jogar pra galera cantar nos shows! E conta também com o Vitinho do Torture Squad nos backing vocals! A Call Me In The Name Of Death é surpreendente por alguns motivos: o 1º é por se tratar de uma balada, coisa que o Aquiles disse que o Hangar nunca iria conseguir compor, e o 2º é que ela é muito boa!! Puta música legal! Ela vai crescendo, começa bem na manha, com o Nando cantando bem sossegado, até chegar numa hora que ela explode! Com uns backing vocals bem colocados e um ritmo intenso que te faz querer ouvi-la de novo e de novo...


Forgive The Pain é mais uma candidata a hit nos shows, vai na mesma linha das outras mais rápidas: peso e melodia na medida certa, com um refrão que dificilmente sairá da cabeça depois de algumas ouvidas! Captivity me chamou a atenção pelo peso e por não ser uma música rápida, contando com um ritmo de batera meio diferente, mas muito interessante! Forgotten Pictures começa pesadona também e depois de um tempo se torna rápida e é rica nas convenções que se tornaram marca do Hangar. Destaque pro Aquiles que usa e abusa variando bastante as conduções, muito bom o arranjo! Everlasting Is The Salvation também vem na mesma onda da Forgotten, música pesada, que a velocidade vem só depois de algum tempo. Everlasting Is The Salvation me lembrou da Captivity, por ser mais pesadona e não muito rápida. One More Chance é um meio terno de velocidade, com uma melodia vocal que me agradou muito. O "Grand Finale" ficou por conta da When The Darkness Takes You, perfeita pra encerrar, pois com a interpretação de toda a banda deixou o peso e a melodia falarem mais alto com um refrão de grudar que nem chiclete, sendo que no último refrão o Nando dá uma esticada no vocal que ficou tão bom que arrepia até os pelos da sobrancelha! Depois veio a Your Skin And Bones (que é bônus lá no Japão) que nada mais é que a Forever Will Be tocada mais pesada pra se encaixar melhor na voz do Nando e com uma letra e uma melodia nova que não lembra em nada a antiga. A parte instrumental está bem parecida, a intro repete lá pelo meio da música, coisa que não tinha na versão demo. E acabou por ai, o Aquiles não mostrou a cover que também só saiu lá no Japão, mas perto do final da festa conseguimos ouvir. A música é Breaking All The Rules do Peter Frampton e ficou uma versão bem Hangar, mesmo se tratando de uma música de um cantor Pop, ela ficou bem metal.
E sobre o videoclipe da música Call Me, todo mundo ficou impressionado com a qualidade. Como as imagens passam muito rápido, precisa de mais de uma olhada no vídeo pra melhor assimilá-lo. O Making Of mostra a banda bem descontraída, mostra o Buzz, a Juju com a sua mochila da Barbie, depoimentos de todos da banda e da atriz que aparece no clipe... tudo isso num clima bem descontraído. O Clipe foi gravado em Campinas numa estação de trens desativada (fui lá no show do Freakeys e vi bem como o local foi apropriado!). Pra finalizar vou dizer a mesma coisa que eu respondi ao Aquiles quando ele me entrevistou pra TV japonesa: A banda evoluiu tanto desde a época do Last Time, que com o The Reason chega a estar no seu auge e será muito difícil ela mesma se superar para um próximo disco.
Tomara que esse CD saia logo por aqui e que a turnê comece o mais rápido possível, pois ao vivo a banda deve estar mais matadora ainda!! Parabéns a todos! Hangar Rules!