Todo mundo duvidava que o show fosse começar às 18h, como marcado, mas bem antes disso uma mancha preta já tinha se formado na frente da Boomerangue, em pleno Rio Vermelho, o bairro boêmio de Salvador. Eu cheguei lá perto das 18h, achando que tinha perdido a passagem de som ou pelo menos o começo dela. Uns vinte minutos depois eles chegaram na casa e procuraram um lugar pra estacionar aquela van monstro com aquele trailer igualmente monstro, considerando o tamanho da rua dos fundos. A solução foi estacionar na frente mesmo e descarregar no meio da galera, que imediatamente começou a tirar fotos e rir e comentar com os amigos, todos empolgados com a constatação de que aqueles monstros eram mesmo reais.
Tudo descarregado, hora de montar. Todo mundo se esforçando pra montar rápido, passar o som rápido, tudo sem perder a qualidade e sem pressa, mas sim, com muita eficiência. E eu no canto preocupada com aqueles caras sem comer, vendo a hora de um deles ter um troço. Cielle, aprenda: monstros não têm piripaque só porque ficam muito tempo sem comer, só porque estão mega cansados, nada disso. Acho que a música os alimenta muito bem.
Terminado tudo, hora de comer, tomar um banho [ou não - hehe], vestir o rockstar dentro de cada um, tomar Foguetão e ir pro campo.
O público se coçava pra o show começar logo, alguns estavam impacientes até com a introdução do show. Mas aí vinha "Hastiness" e todo mundo ia começar a incorporar serial killers. Depois veio "One More Chance", meu momento de oração sempre. E me parece que do Fernandes também. Aliás, os músicos não pareciam nem de longe que acabaram de enfrentar horas e horas de viagem. Cometeram o erro de dar Foguetão pro Aquiles [só pode] e o delicado baterista estourou a pele da caixa na primeira música. Mrtnz é ligado no 220, todo mundo sabe. Laguna estava visivelmente feliz, também pudera; engraçado que ele consegue passar essa felicidade, pelo menos pra mim. Mello e seu Bacon, cada vez mais vistos, cada vez mais merecidamente ovacionados. E o tio Fernandes tomando conta de quem estava na roda, pra não machucar quem não quisesse brincar, essas coisas. Elééétrico! Doido pra dar mosh, e o fez. E Cielle ficou com medo de jogarem aquela tonelada de cabelos em cima dela.
"Legions of Fate" foi o começo da minha nostalgia. Queria mesmo que todo mundo cantasse comigo e com o Fernandes. "Savior", um pouco mais conhecida, igualmente nostálgica. "Call Me In The Name Of Death" super aclamada, todo mundo cantou junto, foi bonito. Senti falta das máscaras e elas não apareceriam mesmo.
Fernandes fez questão de pedir desculpas pelo atraso, fez aquela média e conquistou todo mundo quando disse que Salvador não era só quente pelo clima, mas pelo "metaaaaaalll!!". E jogou a "Captivity" matadora; logo depois a tão esperada "To Tame A Land", uma das minhas preferidas [ui]. "Everlasting Is The Salvation" fez todo mundo pular muito, cansar bastante pra "descansar" de boca aberta vendo o Tio Aquiles fazer malabarismos com aquelas baquetas mágicas. Eu resolvi só olhar pra máscara que coroa o rack e quase se criou uma lenda religiosa, ou algo assim, na minha cabeça. Ao fim do solo de bateria ouviu-se "seu monstro!" daqui e dali. Nada mais correto. "The Reason Of Your Conviction", o motivo por que estávamos lá. Ou não.
Daí veio o medley do Last Time, e foi o momento mais emocionante pra mim. Sete meses depois do meu primeiro show do Hangar, caiu a ficha, ali, no meio da bagunça, olhando pro nome da banda no painel e ouvindo aquelas músicas do Last Time. Ali, na minha cidade tão querida que eu deixei há nove meses, ao lado dos meus amigos tão amados, num dia tão emocionante de várias formas. Lembrei-me do tempo em que eu procurava alguém que conhecesse a banda pra trocar figurinhas comigo e não achava ninguém, o que me fez pensar que dificilmente eu poderia ver um show deles. Enfim.
"Forgive The Pain" e todo mundo perguntou ao Fernandes se ele lembrava de nós. Depois foi a hora de fazer uma homenagem aos criadores do Heavy Metal, Black Sabbath, com a "After All", sempre muito boa na voz do nosso frontman. "Forgotten Pictures" nos trouxe de volta à vida. Essa música eu acho muito "Laguna", então sempre curto dedicando meus gritos a ele.
E então o momento de apresentação da banda. Todos muito aplaudidos; Aquiles, a sensação sempre; nesse show ele homenageou o Laguna, que não abandonou a banda mesmo com a filhinha recém-nascida lá nos cabrobrós onde ele mora. Nosso tecladista se emocionou, agradeceu daquele jeitinho dele, piscou os olhos pra não chorar... Parabéns, Laguna!! Depois o Tio Quiles chamou atenção pro nome do Mrtnz que é MARTINEZ, minha gente. Esse tal de Eduardo não tá com nada!
"When The Darkness Takes You", repito meu conselho, digam os nomes deles. Mas digam mesmo, convoquem os monstros. Dá certo. Dá tão certo que eles podem tocar e viver dentro da sua alma. "Inside Your Soul" foi curtida com tanta empolgação pelo público! Fui altamente pisoteada, há séculos não tinha um calo no pé e nesse dia se formaram vários.
Daí aquele charminho de faz-que-vai-embora, muita gente foi embora achando que tinha acabado mesmo, mas a maioria voltou a tempo de curtir "Perfect Stranger" e o poderoso medley do Iron com todas aquelas músicas que não tem quem não goste.
Depois disso foi aquela festa maravilhosa que todo mundo já conhece muito bem. Como já estava um pouco tarde e era domingo, quase todo mundo foi embora logo. Eu fiquei por lá até umas... Não sei que hora era aquela. Devo dizer que a Rockfreeday está de parabéns pela organização e pelo apoio que deram aos meninos, fico agradecida por isso. A Boomerangue, afinal, não foi uma casa tão ruim como eu achei que seria, e como o Loko disse, em casa pequena é que o calor... né... tal.
Por fim, meus eternos e insistentes agradecimentos aos meninos, alguns bem teimosos, mas todos muito queridos. Eles fazem meu mundo parecer bem surreal, às vezes. Queria que todo mundo notasse os esforços que eles fazem pra nos presentear com esses shows maravilhosos.
- Mello e Ci -
- Aquiles e Ci -