(Publicado em 12/03/2006)
A revolução da baqueta
Carismático e receptivo. É assim que o baterista das bandas Angra e Hangar, Aquiles Priester, é avaliado em todos os lugares por onde passa. Na última quarta-feira, Aquiles esteve em Cascavel para realizar seu workshow, já ministrado em diversas cidades brasileiras. Na oficina, abordou questões ligadas às teorias musicais, apresentou suas técnicas e equipamentos, exibiu a habilidade com as baquetas que adquiriu ao longo dos 19 anos de experiência e, como era previsto, manteve todos os participantes boquiabertos.
Aquiles recebeu sua primeira aula de bateria com 22 anos. Antes disso, alimentava o gosto pelo instrumento de forma autodidata e lapidava um estilo próprio, o qual o tornou o melhor baterista de rock do Brasil atualmente e um dos melhores do mundo. Com uma característica forte, criativa e destacada, ele revoluciona o Heavy Metal. Nesta entrevista, Aquiles revela como tem sido sua trajetória.

Aquiles - Fui um garoto que precisou batalhar muito, nunca ganhei nada de mão beijada, então acho que isso influencia, sim. Tenho em mente que artista não é mais nobre nem melhor; tem um dom e precisa desenvolvê-lo como qualquer pessoa. Aprendi a dar valor às coisas graças ao meu passado.
Você conseguiu adquirir uma boa bagagem profissional até os 22 anos?
Aquiles - Profissionalmente legal, mas deixava muito a desejar na técnica. Foi isso que eu procurei corrigir no curso que busquei com esta idade. Estudei muitos estilos justamente para incorporá-los ao rock - minha vertente desde o início. Algumas técnicas que eu usava na adolescência eu ainda não abandonei e isto é o legal, a característica pessoal, a imagem que o músico imprime.
O heavy metal já ganhou o espaço que merece? Já está no seu ápice?
Aquiles - Podemos dizer que heavy metal já cresceu bastante comparado a dez anos atrás, mas ainda é pequeno ao lado de outros estilos musicais. Na década de 70, todas as bandas viajavam até o Japão para gravar discos ao vivo. Hoje, o Brasil acabou se tornando rota obrigatória de bandas deste estilo, pois o público daqui é muito fiel. Isso aumenta a popularidade do movimento, mas ainda temos que crescer. Não chegamos ao ápice.
Underground é uma palavra que pode ser descartada?
Aquiles - Não e creio que nunca será. Alguns estilos possuem raízes underground e fazem questão de permanecer com esta característica. Mesmo sendo um som pesado, algumas bandas conseguem alcançar outros mercados sem deixar de agradar o underground. É o caso do Angra.
Com o Angra, você participou de uma turnê imensa com viagens até por outros continentes. Como você consegue distribuir seu tempo entre o Angra, Hangar e os workshows que realiza?
Aquiles - É uma pergunta que todos fazem, mas que não sei explicar (risos). Vou realizando minhas tarefas conforme encontro tempo livre. Se há espaço na agenda tento encaixar uma atividade nela, pois não tenho a chance de fazer um trabalho como este a todo instante, então não posso ficar parado. Eu e minha equipe fazemos um workshow com uma estrutura com 2.800 quilos, algo pouco comum. Estamos passando por um tempo bom e pretendemos aproveitar tudo.
Qual é sua proposta nestes workshows?
Aquiles - Ele serve para propagar as técnicas de bateria, dos equipamentos que utilizo, mostrar algumas músicas e retratar técnicas específicas que fazem parte de minha personalidade. Mas, de uma forma bem ampla, esta oficina acaba movimentando o cenário musical. É como se a banda estivesse aqui, porque uso playback de nossos discos. Os outros membros são virtuais e eu, ali no palco, executo da mesma forma que em um show. Além de trazer a possibilidade de todos tirarem suas dúvidas, ainda proporciona o contato do artista com o público.
Ter entrado em uma banda maior te aproximou de técnicas e instrumentos que ainda eram desconhecidos. Foi preciso muito tempo pra se adaptar e ter segurança pra criar no palco?
Aquiles - Houve um período de adaptação e insegurança. Quando se entra em uma banda grande, os desafios aumentam, ainda mais se você está substituindo um integrante. Ninguém podia saber se agradaria o público ou não, por isso, tínhamos uma certa preocupação em respeitar o contexto musical que já fazia parte da banda. O novo Angra foi muito bem aceito nestes cinco anos. Com o tempo fui adquirindo experiência com os novos tipos de tecnologias e conquistando minha personalidade. Neste novo álbum, tivemos liberdade de criar, dar personalidade, e isto trouxe mais confiança.
Com toda sua experiência adquirida, você pode dizer que os brasileiros reagem à musica de Angra de uma forma diferente?
Aquiles - Agem. No primeiro contato que temos com o público, assim que a gente volta de uma turnê, isso fica bem claro. Percebemos que os brasileiros se orgulham do material que exportam, são patriotas e mais calorosos. Angra é o representante do Brasil no cenário mundial.
Você é fissurado em explorar campos novos, inovar, ou sua técnica ganhou o destaque sem você imaginar que isso poderia acontecer?
Aquiles - Eu sabia que isso iria acontecer um dia. Tenho quase meia vida de dedicação e ainda me esforço para aprender mais. Passo todo o meu tempo explorando.
A bateria, feita pela Mapex em sua homenagem, é similar àquela que você usa nos shows?
Aquiles - É muito similar. Me surpreendeu muito. Até o acabamento se assemelha. Apenas algumas peças diferenciam a minha bateria do modelo comercial, mas a qualidade do equipamento que a empresa está disponibilizando é das melhores.
Você acha que as bandas menores, que não têm muito destaque ainda, devem ser menos rivais, mais unidas. No que essa união resultaria?
Aquiles - Em um movimento mais igualitário a todos. Muita rivalidade faz com que perdamos forças. Temos que empurrar o movimento para mesmo lado e não cada um para o seu interesse. Com a união das bandas, o mercado musical se fortaleceria e atrairia investidores. Rivalidade não leva a nada e representa imaturidade.
Pra finalizar, o que um iniciante 'das baquetas' deve ter em mente para se tornar bom?
Aquiles - Objetividade. Deve se espelhar em bons exemplos e pensar no futuro, além de ter uma dedicação notável. Em todas as profissões os destaques são daqueles que oferecem algo a mais. Ter ousadia e inovação também é aconselhável. Música é um estudo contínuo.
Um comentário:
[Michely]
É sempre muito legal ler esse tipo de entrevista, onde o Aquiles fala como acontecem os works e sempre passa um pouco da sua experiência pra quem ta começando agora!É sempre uma lição ler tudo isso!!!
13/03/2006 15:08
----------------------------------
[Joao da Ma]
Aquiles sempre humildão, isso ae.... Eu gosto da Mazinha....og a gente faz 10 meses...Parabens pra nós!!!! rsrsrs
13/03/2006 13:47
----------------------------------
[Klaus Kiefer]
Gostei muito de ler essa entrevista, o Aquiles mandou muito bem.
13/03/2006 11:45
----------------------------------
[Má Dickinson]
Muito boa a entrevista!! As perguntas foram muito bem boladas!! E Aquiles como sempre da respostas perfeitas e cheias de licao de vida!
12/03/2006 23:27
----------------------------------
[Joice Francisco]
O Aquiles eh uma pessoa q está sempre disposta a inovar e satisfazer a todos,simplesmente não tem como não admirálo e eu se morasse em Sp e fosse começar aulas de bateria com certeza daria meu sangue pra ser aluna dele...Ele simplesmente eh Demais!!!
12/03/2006 19:47
----------------------------------
[Renato Tiengo] [renato.tiengo@gmail.com]
Vou seguir dirieto o que "Mestre Aquiles" disse sobre se torna um grande baterista...Vou chega perto dele,mas issu vai requer o dobro de termpo que ele consegui. Pois, é meu sonho é se torna baterista também.
12/03/2006 18:11
Postar um comentário