PsychoDiário: Mixagem do novo cd do Hangar – Parte 2

(Publicado em 22/03/2007)

Alguém lembra daquele filme, “O Feitiço do Tempo”, também conhecido com o “Dia da Marmota”? Pois é, às vezes a situação aqui é exatamente igual... Todos os dias a mesma coisa. A única coisa que realmente muda é a música que estamos mixando, pois algumas vezes até as roupas são as mesmas... Quer dizer, todas as peças não, somente algumas.Quando estamos viajando, fazendo shows em outros países, as coisas acontecem todos os dias mais ou menos nos mesmos horários e automaticamente encontramos uma rotina para tudo, ou seja, tem hora certa para tudo...

Nas mixagens do novo disco do Hangar as coisas também têm acontecido dessa forma, ou seja, tem a hora certa para tudo. Quando acordamos, por volta das 9h00 da manhã (5h00 aí no Brasil), o Fábio já vai para o restaurante tomar café enquanto eu tomo banho. Assim que termino o banho, coloco minhas roupas e vou tomar café e sempre encontro o Fábio no mesmo lugar, bem no meio da rua enquanto atravessamos para lados opostos, ele indo para o hotel e eu indo para o restaurante. Na verdade a parte do hotel onde ficamos fica num prédio e o restaurante do outro lado da rua. Têm acontecido algumas coisas estranhas nesse hotel, se tratando de toalhas. No primeiro dia, tínhamos duas toalhas de rosto e duas de banho e com o passar dos dias, mais toalhas foram aparecendo gradativamente e hoje pela manhã, tínhamos cinco toalhas de banho e sete de rosto... Acho que eles querem que tomemos mais banhos... No entanto, essas toalhas são tão duras, que deviam ser chamadas de “lixas pós banho”... Sempre que nos enxugamos, podemos ver no chão um pozinho das nossas peles no chão... Muito bizarro!!!

Depois disso, é a vez da Melaine (mulher do Tommy Newton) vir nos buscar para irmos ao estúdio. Quase todos os dias no mesmo horário... Dificilmente ela se atrasa. A primeira pergunta é sempre a mesma: - Vocês dormiram bem? Assim que chegamos ao estúdio, ela já vem e nos pergunta se queremos café ou chá. Nessas alturas o Tommy (que a Melaine deixa no estúdio antes de ir nos buscar), já está lá na sala de mixagem mexendo na música que deixamos quase pronta na noite anterior, para somente ouvir mais algumas vezes e fazer a cópia definitiva da mixagem final. Durante as duas primeiras audições, com o ouvido bem descansado, a música soa bem diferente da noite anterior, onde tínhamos ficado por quase 14 horas trabalhando em cada detalhe dela. Geralmente as alterações são mínimas, mas sempre muito bem vindas.

Não tem horário definido para nenhuma refeição e na mesma cozinha onde é o nosso escritório com internet, fazemos nossas refeições em horários bem diferentes. Um dia aconteceu uma coisa meio engraçada, eu tinha feito uma sopa, tipo aquelas Maggi, e comi até não agüentar mais, aí quando estava bem perto da gente ir embora, eu pensei em lavar a panela para ela ficar limpinha na pia e fui jogar o resto do macarrão no lixo, mas o lixo estava entupido até a tampa. Pensei em ir ao lixo maior, mas estava muito frio lá fora, foi o dia que nevou e ficamos lá no meio da chuva de neve levando nevada na cara.

Aí nesse dia o Tommy estava um pouco sem paciência por causa de alguns probleminhas técnicos que tivemos (mas isso é muito raro acontecer) e falei pro Fábio: - Meu, será que você pode comer esse macarrão que sobrou que preciso lavar a panela para não ficar tudo sujo aí na pia... E o Fábio disse: - Acho que não estou com fome não... Aí eu repliquei: - Não importa, come aí porque eu não tenho onde jogar fora e não quero deixar essa panela suja e já estou explodindo de tanto comer esse macarrão... O Fábio me olhou com uma cara de quem não estava gostando da idéia e aí eu falei novamente: - Meu, come rápido que o Tommy está vindo para gente ir embora e acho que hoje ele está bem zuado... Na mesma hora o Fábio colocou todo o macarrão no mesmo prato que eu tinha usado e comeu tudo como se não houvesse amanhã... Parecia um bicho!!! Posso dizer para vocês que para esses tipos de situações “estranhas”, o Fábio é um grande parceiro... Nunca, mas nunca mesmo, reclama de nada.